Blog alimentado pelo Prof. Márcio Santos e dedicado a estudantes de Geologia.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A gente entende do São Francisco

Carta da II Plenária da Articulação Popular São Francisco Vivo

A gente entende do São Francisco. Nós, 43 representantes dos Povos das Terras e das Águas do Velho Chico, passamos três dias reafirmando isso. Viemos das beiras dos rios dos cerrados, caatingas e veredas, das ilhas e barrancas, da roça e da cidade. Das Minas Gerais e da Bahia, de Pernambuco, de Sergipe e de Alagoas. Realizamos a II Plenária da Articulação Popular São Francisco Vivo, em Feira de Santana, na Bahia, de 27 a 29 de setembro de 2013. A memória saudosa do fotógrafo João Zinclar e do líder quilombola Elson Ribeiro Borges nos animou ao compromisso fiel.

Nos locais onde vivemos, todos os dias, enxergamos o nosso povo a entranhar-se neste Vale como água. Correndo para o grande rio, como o São Francisco corre para o mar, com esperança de vida. Como árvore, vai em busca das raízes, a nutrir identidade e frutificar.

O que as ciências têm dito da situação do rio nos deixa alarmados. Dizem que ele está condenado e em 30 anos passará a ser intermitente. Nossos olhos comprovam, vemos menos água e mais areia. Hoje são as “croas” que traçam o desenho do rio assoreado. Ele está cada dia mais raso, coado, fraco, agrotóxicos e metais pesados no lugar de peixes. A cada dia exige mais esforço da gente pra dar conta do viver dependente de sua natureza degradada. A cada dia também nos cobra mais determinação na luta em sua defesa, a dar o grito por ele.

Empreendimentos do capital se multiplicam, mais intensos em destruir bens naturais e humanos com todo tipo de impactos socioambientais. A mineração, antes mais em Minas Gerais, hoje se espalha por todo canto, a gerar fabulosos lucros de exportação e a deixar estragos irreparáveis. Os parques eólicos imensos - falsa “energia limpa” - estão sendo impostos sobre vastos territórios da Serra Geral, na Bahia, avassalando comunidades camponesas. As barragens, grandes ou pequenas, públicas e privadas, inúmeras, significam morte certa para os rios. Energia barata com alto custo natural e social, impagável.

Dizem que é o progresso chegando, agora com o nome de “crescimento”. Já ouvimos esta pregação outras vezes e, de novo, é mentira. Promessas de emprego e renda, dinheiro e impostos. E demos com a cara em grandes plantios de eucaliptos, desmatamento, nascentes e rios destruídos. Em perímetros públicos de irrigação para empresas privadas endividadas e sustentadas pelas facilidades governamentais. Agora anunciam desastrosa exploração de gás de xisto no Norte de Minas, no Oeste da Bahia e na foz e funesta usina nuclear em Itacuruba, Pernambuco.

A transposição das águas do São Francisco para o Nordeste Setentrional é aquilo mesmo que dizíamos: ralo de dinheiro público e atrativo de votos em toda eleição, as últimas e as que virão. Canais rachados, túnel caído, empregos desfeitos, quase 9 bilhões de reais consumidos e esperanças vãs alimentadas. Comprovada também, nesta seca prolongada, que o que salva o povo sertanejo, os rebanhos e as caatingas são as iniciativas populares de Convivência com o Semiárido. A revitalização do rio, barganhada pela transposição, não vai além do programa Água para Todos e do esgotamento sanitário limitado, inconcluso e superfaturado.

A tristeza de ver o rio caminhando para morte, sob a irresponsabilidade geral, não nos desanima. As dez experiências de luta trazidas para a Plenária - por territórios tradicionais, no enfrentamento dos projetos degradantes e na busca por revitalização da Bacia do São Francisco - revelaram que a esperança de vida do rio e de sua gente está na resistência e nas iniciativas do povo organizado, mobilizado e articulado. A revitalização do rio é obra para todas as mãos, mas interessa primeiro aos pobres que visceralmente dele dependem e por ele se levantam. Neste rumo vão as decisões de ação da São Francisco Vivo para os próximos anos: lutas territoriais, enfrentamento dos projetos capitalistas, recuperação de microbacias, saneamento ambiental e consolidação da Articulação. Convocamos a se juntarem a nós os que põem a vida acima do dinheiro. São Francisco Vivo: Terra, Água, Rio e Povo!

Feira de Santana, 29 de setembro de 2013.
Articulação Popular São Francisco Vivo.

O Rio Verde Grande, em MG, está secando

O Rio Verde Grande, em Minas Gerais, está secando - e a principal causa é a irrigação desenfreada às suas margens, se utilizando de suas águas.

Várias cidades dependem das águas do Rio Verde Grande, ao longo de seu curso, para abastecimento humano. Na época da seca, nos meses de julho a novembro, a sua água, já exígua, é utilizada na irrigação de plantações de banana, em grande escala.



O Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental de Jaíba – MG, organização não governamental que luta para o desenvolvimento socioambiental da região norte de Minas Gerais, abriu uma petição dirigida à ANA – Agência Nacional de Águas reivindicando a definição de critérios justos para a irrigação com as águas do Rio Verde Grande.

Se você que integrar-se a essa luta, clique no link a seguir:

Lago mortífero transforma animais em pedra

Há um lago na Tanzânia, na África, com um segredo mortal: ele transforma qualquer animal que o toca em pedra. O raro fenômeno é causado pela composição química do lago, e as criaturas petrificadas que ele cria parecem ter saído de um filme de terror.
Isso acontece devido ao pH do lago, que fica entre 9 e 10,5 – uma alcalinidade extrema que preserva os bichos por toda a eternidade.


Elas foram fotografadas por Nick Brandt para seu novo livro, Across the Ravaged Land (Por toda a terra devastada). Ele diz:
Eu inesperadamente encontrei as criaturas – todo tipo de pássaros e morcegos – ao longo da costa do Lago Natron, no norte da Tanzânia. Ninguém sabe ao certo exatamente como eles morrem, mas parece que o lago reflete bastante a luz e isso os confunde. Assim como pássaros colidem com janelas de vidro, eles caem dentro do lago.


A água possui um teor extremamente alto de base e sal, tão alto que consumiria a tinta das minhas caixas de filme Kodak em poucos segundos. A base e o sal fazem as criaturas se calcificarem, perfeitamente preservadas, à medida que secam.
Todas as imagens por Nick Brandt © 2013. Cortesia da Hasted Kraeutler Gallery, NY.