A enorme diversidade de rochas magmáticas não é compatível com poucos
tipos magmáticos. Uma vez formados, os magmas tendem a evoluir quimicamente,
através de um conjunto de processos, chamados diferenciação magmática.
Através deste processo, consegue-se explicar que os granitos resultem da
consolidação de magmas originalmente graníticos, como também da consolidação de
fracções magmáticas graníticas derivadas de magmas basálticos.
O mais importante processo de diferenciação magmática é a cristalização
fracionada, que traduz a formação sequencial dos minerais das rochas
magmáticas, a partir do arrefecimento do magma, em função da temperatura de
cristalização característica de cada um deles. Foi Bowen, em 1928, quem
conseguiu ordenar os principais minerais das rochas magmáticas de acordo com
esse critério. Trata-se, assim, de minerais originados, aproximadamente, entre 1 500 ºC e 500 ºC, todos eles do grupo de silicatos. Os silicatos
são formados à base de sílica. Estes minerais estão divididos conforme as suas
afinidades químicas, em duas séries convergentes para os termos de menor temperatura
de formação. A série descontínua reúne silicatos de ferro e magnésio e a série
contínua corresponde à família dos plagioclásios, constituída por minerais
estruturalmente idênticos entre si, cujas composições químicas variam
gradualmente, minerais isormorfos, diferindo nos teores relativos de cálcio e
sódio. As posições destinadas a estes dois elementos, na rede cristalina, tanto
podem ser ocupados pelo cálcio, como acontece na anortita pura, como pelo
sódio, que é o caso da albita pura, como ainda serem partilhadas por ambos os
íons, em todas as proporções possíveis, dando, então, origem aos termos
intermediários da série.
Durante o arrefecimento magmático, um dado mineral, uma vez formado, tem
tendência a reagir com o líquido magmático, se permanecer em contato com ele.
Assim, será reabsorvido e, no seu lugar, surgirá, a uma temperatura mais baixa,
o termo seguinte da sua série. A sequência termina com a cristalização do
quartzo, se, esgotados todos os outros componentes do magma, o líquido
magmático final for constituído exclusivamente por sílica.
Dado que os primeiros minerais a cristalizar são os mais densos, eles
podem depositar-se, por gravidade, na base da câmara magmática, sendo
preservados até ao final da cristalização. Pelo contrário, os elementos mais
leves tendem a acumular-se nas partes mais altas do reservatório, ajudados,
ainda, pela ascensão de compostos voláteis, como o vapor de água e o dióxido de
carbono. Esta diferenciação gravítica faz com que, terminada a cristalização de
um magma, se possam encontrar em diferentes localizações, numa câmara
magmática, diversas rochas, umas mais densas, com mais ferro, magnésio e cálcio
em posição inferior e outras menos densas, enriquecidas em silício, alumínio,
sódio e potássio, em posições menos profundas. Esta possibilidade faz surgir,
durante o arrefecimento magmático, produtos ou frações magmáticas diferentes
entre si e diferentes do magma parental; decorre, portanto, da ação combinada da
cristalização fraccionada e da diferenciação gravítica.
Outras causas de diferenciação magmática, estas exteriores ao magma, são
a assimilação magmática e a mistura de magmas. A primeira causa, explica-se
pelas reações entre o magma e as rochas envolventes, tanto a das paredes das
câmaras magmáticas, como a das paredes das condutas por onde ele sobe. Se o
magma se encontra a uma temperatura superior à do ponto de fusão dos minerais
dessas rochas, funde-os e, ao incorporá-los, altera a sua composição. Quando essa
fusão não é completamente conseguida, o magma conserva restos sólidos de tais
rochas, denominados enclaves, que se reconhecem após a consolidação magmática.
A mistura de magmas, mais difícil de provar, acontece entre materiais de fusão,
como sucederá em zonas orogênicas, onde magmas primários, basálticos, se
poderão misturar com magmas secundários, de composição granítica.
Este texto foi extraído e modificado de:
http://knoow.net/ciencterravida/geologia/diferenciacao-magmatica/
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