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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

PRINCÍPIOS GEOQUÍMICOS BÁSICOS

LICHT, Otávio Augusto Boni. Prospecção geoquímica: princípios, técnicas e métodos. Rio de Janeiro: CPRM, 1998, 236 p

Sob o ponto de vista geológico e geoquímico, a Terra é um sistema dinâmico, onde os materiais são movimentados de um local para outro, mudando de forma e composição. Tudo isso é feito por uma grande quantidade de processos, tais como fusão, cristalização, erosão, solução, precipitação, vaporização e decaimento radioativo.

Esse grande sistema, extremamente complexo, pode, entretanto, ser simplificado em dois grandes grupos, com base na pressão, temperatura e fluidos disponíveis. Assim, o ambiente profundo, também denominado hipógeno, primário ou endógeno, caracteriza-se por altas temperaturas e pressões, com circulação restrita de fluidos e baixo teor de oxigêncio livre. A ele pertencem os processos magmáticos, metamórficos e hidrotermais.

O ambiente superficial, também denominado supérgeno, secundário ou exógeno, caracteriza-se por baixas pressões e temperaturas, uma movimentação livre de soluções e pela maior ou menor quantidade de oxigênio livre, água e CO2. Fazem parte desse ambiente os processos de erosão, intemperismo, sedimentação e diagênese.

Dispersão e ciclo geoquímico

Uma dada massa de material na Terra, normalmente não mantém sua identidade à medida que passa pelas transformações do ciclo geoquímico, mas, ao contrário, tende a ser redistribuída e fracionada e ainda misturada com outros materiais. A movimentação dos materiais de um para outro ambiente pode ser didaticamente visualizada através da figura 2.1. Começando pela direita do diagrama e andando no sentido horário, vêem-se rochas sedimentares sendo progressivamente metamorfisadas, à medida que são submetidas a temperaturas e pressões progressivamente maiores, com acréscimo de eventuais de componentes externos ao sistema. As rochas submetidas a tais condições podem atingir um estado tão fluido que, durante um processo de fusão posterior, poderão vir a se diferenciar em vários tipos de rochas ígneas e de fluidos hidrotermais. Quando uma erosão expõe a suite de rochas resultantes ao ambiente superficial, os elementos que as compõem são redistribuídos pela atuação dos agentes do intemperismo. Uma série de rochas sedimentares químicas, clásticas ou clastoquímicas pode então se depositar e o ciclo recomeça.

Esse processo, no qual íons e partículas se movem para novos locais de dispersão geoquímica, é chamado de dispersão geoquímica. Toda a dispersão ocorre em um sistema aberto e dinâmico, onde os materiais geológicos são submetidos a mudanças de quimismo do ambiente, temperatura, pressões, tensões mecânicas e outras condições físicas. As rochas ou minerais e os grãos ou íons neles contidos, estáveis em determinado ambiente, são liberados e dispersos, tanto pela ação de processos químicos quanto físicos.



A dispersão pode ser o resultado da atuação de agentes exclusivamente mecânicos, tais como a injeção de magmas ou movimentação de materiais superficiais por ação das águas das drenagens.

Exceto na segregação natural, caracteristica das aluviões areno-argilosas, os processos puramente mecânicos de dispersão envolvem a mistura, mas não a diferenciação dos materiais dispersos em frações específicas. Pelo contrário, os processos químicos e bioquímicos comumente criam frações de composição bastante diversa. As frações mais móveis tendem a abandonar o seu hospedeiro original quando estiverem disponíveis condutos e gradientes físico-químicos mais adequados. Quando uma fase móvel entra em um novo ambiente, uma parte do material introduzido pode se depositar em virtude das novas condições de equilíbrio do sistema.

Segundo Rose, Hawkes e Webb (1979), a dispersão pode ser profunda ou superficial, dependendo do ambiente geoquímico em que ocorrer, e primária ou secundária se ocorrer durante a formação do depósito mineral ou em um estágio tardio. Nas proximidades dos depósitos magmáticos e da maioria dos hidrotermais, a dispersão primária está relacionada ao ambiente profundo e a dispersão secundária ao ambiente superficial. Entretanto, é necessário que se faça uma distinção entre o ambiente (profundo versus superficial) de formação e dispersão da mineralização. A dispersão primária inclui todos os processos que conduzem ao posicionamento de elementos durante a formação de um depósito mineral, não importando o modo como o depósito tenha se formado. A dispersão secundária aplica-se à redistribuição das feições primárias por qualquer processo posterior, geralmente no ambiente superficial. Para as mineralizações formadas por soluções hidrotermais e em profundidade, os dois termos têm significados similares. Para os depósitos sedimentares singenéticos, entretanto, as feições primárias seriam aquelas formadas durante a sedimentação (tabela 2.1) e as secundárias seriam as formadas posteriormente, casos o depósito fosse exposto ao intemperismo ou se o depósito fosse metamorfisado após a formação.

Embora a terminologia possa ser confusa, é importante distinguir entre ambiente e momento em que o processo ocorre, pois é o conjunto que determina as características da dispersão geoquímica resultante.
Na dispersão profunda, os canais e locais de migração e redeposição são as fissuras e os espaços intergranulares das rochas posicionadas em profundidade. Por outro lado, a dispersão superficial se desenvolve próximo da superfície ou nela mesma, possibilitando a formação de feições nas fissuras e juntas de rochas próximas da superfície, na cobertura inconsolidada, nas drenagens, lagos, vegetação e mesmo no ar (Rose, Hawkes e Webb, 1979).


O geoquímico de exploração procura traços dos elementos químicos que tenham se dispersado a partir de corpos mineralizados. Esses processos de dispersão normalmente dão origem a uma área-alvo, consideravelmente mais ampla que a própria mineralização. Isso facilita o processo de prospecção, já que é necessária uma densidade de amostragem (quantidade de amostras/unidade de área) muito menor para que a descoberta aconteça.

Além disso, o geoquímico de exploração se interessa pelas feições de distribuição dos elementos mineralizadores, porque ele deve ser capaz de distinguir essas feições normais daquelas relacionadas a corpos de minério.

Classificação geoquímica dos elementos

Segundo Krauskopf (1972), V. M. Goldschmidt[1], pequisador pioneiro das regras de distribuição dos elementos químicos, sugeriu uma classificação baseada no seu comportamento geoquímico. A classificação proposta fundamentou-se na teoria quanto nas experimentações que realizou com três tipos de materiais.

·         Os três tipos de meteoritos Fe-Ni, troilita (FeS) e silicato, pressupondo que a composição média deles fosse semelhante à da Terra primitiva e que todos tivessem sido sujeitos à uma diferenciação similar;

·       -   As fases metálica, escória (silicatos) e mate (sulfeto) dos processos metalúrgicos;
·       -   As rochas silicatadas e as mineralizações sulfetadas.

Os resultados desses estudos mostraram que a distribuição dos elementos nos meios amostrados por Goldschmidt se ajustavam com boa precisão às suas hipóteses de trabalho, o que possibilitou que ele propusesse uma classificação geoquímica para os elementos.

1.    Siderófilos – com afinidade pelo ferro e se concentrando no núcleo da Terra;
2.    Calcófilos – com afinidade pelo enxofre e concentrados nos sulfetos;
3.    Litófilos – com afinidade pela sílica e concentrados na crosta terrestre sob a forma de silicatos;
4.    Atmófilos – presente como gases na atmosfera;
5.    Biófitos – comumente encontrados nos organismos vivos (não constava da classificação original).
Para os propósitos da prospecção geoquímica, os métodos de Goldschmidt e a classificação proposta (tabelas 2.2 e 2.3) são eficientes para explicar a distribuição dos elementos-traço e menores, em minerais e rochas ígneas principalmente para os elementos litófilos (figuras 2.2 e 2.3)


Tabela 2.3 – Classificação geoquímica dos elementos de Goldschmidt sobre a tabela periódica de Mendeleev.




Alguns elementos litófilos, como por exemplo o Cs e o Rb, por terem um raio iônico muito grande em relação aos elementos formadores de minerais abundantes, como o Zr 4+, o Ta5+ e o Nb5+, e outros por terem cargas muito altas, não participam em grandes quantidades das estruturas dos minerais formadores de rocha. Eles concentram-se nos fluidos residuais onde eventualmente vão cristalizar nos minerais, geralmente no estágio pegmatítico. Outros elementos de interesse particular em prospecção geoquímica cristalizam em veios sulfetados (por exemplo, Cu, Pb e Zn) ou na forma nativa (por exemplo, Au e Ag).

Associações dos elementos

Os elementos tendem a se associar nos processos geológicos devida às suas mobilidades relativas. Observando o conjunto de ambientes nos quais dois elementos estão associados, a razão entre eles permanece relativamente constante, de modo que os teores elevados de um são acompanhados por valores elevados do outro e vice-versa. Alguns elementos mantêm associações características em um amplo espectro de condições geológicas e podem se mover juntos durante a maioria dos processos do ambiente profundo (hipogênico), rompendo-se essa afinidade sob as condições ambientais do ambiente superficial. Outros são característicos de rochas plutônicas muito específicas e dos minérios oxidados associados, ou de minérios sulfetados ou de certos tipos de minérios sedimentares. A presença de um membro associado sugere a presença dos outros (tabela 2.4).










[1] Victor Moritz Goldschmidt ( Zurique, Suíça, 27 de Janeiro de 1888 – Oslo, Noruega, 20 de março de 1947 ) foi um químico norueguês. Junto com sua família foi para a Noruega em 1901. É considerado como o co-fundador junto com Vladimir Vernadsky da geoquímica moderna e da química dos cristais.

DISTRIBUIÇÃO GEOQUÍMICA DOS ELEMENTOS


O homem só tem acesso à camada mais superficial do nosso planeta. A distância da superfície até o centro da Terra mede 6.378 km - dois mil quilômetros a mais que a distância entre o Oiapoque e o Chuí, pontos localizados nos extremos norte e sul do Brasil - e a maior perfuração já feita só alcançou 10 km de profundidade.

Então, como se pode saber o que existe dentro da Terra em tão grandes profundidades e como descobrir a idade de cada período da história da Terra? Isto é possível através do estudo das rochas, dos terremotos, dos vulcões, dos restos dos organismos preservados nas rochas e das propriedades físicas terrestres, tais como o magnetismo e a gravidade.

As rochas são formadas por minerais, que por sua vez são constituídos por substâncias químicas que se cristalizam em condições especiais. O estudo dos minerais contidos em uma determinada rocha pode indicar onde e como ela se formou.

Para medir o tempo geológico, utiliza-se elementos radioativos contidos em certos minerais (datação absoluta). Esses elementos são os relógios da Terra. Eles sofrem um tipo especial de transformação que se processa em ritmo uniforme, século após século, sem nunca se acelerar ou retardar. Por este processo chamado RADIOATIVIDADE, algumas substâncias se desintegram, transformando-se em outras. Medindo-se a quantidade dessas substâncias em uma rocha, pode-se saber a sua idade.


A Terra atrai os corpos pelas força magnética e gravitacional. Estas forças variam de local para local, devido as diferenças superficiais e profundas dos materiais que constituem a Terra. A análise dessas diferenças é outra forma de interpretar o que existe no subsolo terrestre (Tabela I.1).

Tabela I.1. Dados numéricos da Terra.

Raio equatorial
6.378 km
Raio polar
6.356 km
Diferença (RE - RP)
22 km
Perímetro no Equador
40.075 km
Área superficial da Terra
510 milhões de km2
Volume
1,083 x 109 km3
Massa
5,976 x 1027 g
Densidade média
5,517 g/cm3

Densidade média na superfície
2,7 - 3,0 g/cm3

Densidade no núcleo
13 g/cm3

Gravidade no Equador
978,032 cm/s2

Elevação média dos continentes
623 m

Profundidade média dos oceanos
3,8 km

Estima-se que a formação do Sistema Solar teve início há seis bilhões de anos, quando uma enorme nuvem de gás que vagava pelo Universo começou a contrair. A poeira e os gases dessa nuvem se aglutinaram pela força da gravidade e, há 4,5 bilhões de anos, formaram várias esferas que giravam em torno de uma esfera maior, de gás incandescente, que deu origem ao Sol. As esferas menores formaram os planetas, dentre os quais a Terra. Devido à força da gravidade, os elementos químicos mais pesados como o ferro e o níquel, concentraram-se no seu centro enquanto os mais leves, como o silício, o alumínio e os gases, permaneceram na superfície. Estes gases foram, em seguida, varridos da superfície do planeta por ventos solares.

Assim, foram separando-se camadas com propriedades químicas e físicas distintas no interior do Globo Terrestre. Há cerca de 4,4 a 4,0 bilhões de anos, formou-se o NÚCLEO - constituído principalmente por ferro e níquel no estado sólido, com raio de 3.700 km. Em torno do núcleo, formou-se uma camada - o MANTO - que possui 2.900 km de espessura, constituída de material em estado pastoso, com composição predominante de silício e magnésio (Figura I.1). 

Em torno de 4 bilhões de anos atrás, gases do manto separam-se, formando uma camada de ar ao redor da Terra - a ATMOSFERA. Finalmente, há aproximadamente 3,7 bilhões de anos, solidificou-se uma fina camada de rochas - a CROSTA. A crosta não é igual em todos os lugares. Debaixo dos oceanos, ela tem mais ou menos 7 km de espessura e é constituída por rochas de composição semelhante à do manto. Nos continentes, a espessura da crosta aumenta para 30-50 km, sendo composto por rochas formadas principalmente por silício e alumínio e, por isso, mais leves que as do fundo dos oceanos (SBG, 1987).

As informações das camadas internas da Terra são obtidas a partir de informações diretas e indiretas. As observações da densidade e da gravidade do globo terrestre mostram que o interior e a crosta devem possuir uma constituição diferente. Observações sismológicas (comportamento das ondas sísmicas) e deduções baseadas em estudos de meteoritos indicam que a Terra é constituída de várias camadas.

Medições geoquímicas elementares da massa, volume e momento de inércia da Terra indicam que a densidade de seus materiais cresce de fora para dentro, alcançando um valor da ordem de 13 g/cm3 perto do centro (Tabela I.1). 


Figura I.1. Estrutura interna da Terra (Kearey e Vine, 1990).
As velocidades das ondas sísmicas dão-nos uma idéia detalhada quanto à distribuição dos materiais no interior. Assim haveria uma crosta com uma espessura média de 35 km sob os continentes e 7 km sob os oceanos; um manto que se estende à metade da distância até o centro; um núcleo líquido ocupando cerca de dois terços da distância restante e um núcleo interno sólido (Figura I.1).

Tabela I.2. Tipos de ondas sísmicas e suas características.

Ondas
Características
P - primária
Rápidas, ondas longitudinais com pequena amplitude, semelhantes às ondas sonoras. Propagam-se com maior velocidade nas camadas de maior densidade. Velocidade média 5,5 - 13,8 km/s
S - secundária
Pouco veloz, ondas transversais, semelhantes à vibração da luz. Só se propagam através de sólidos. Velocidade média 3,2 - 7,3 km/s
L - longa
Menor velocidade, propagam próximo à superfície, apresentam grande comprimento de onda. Velocidade média 4 - 4,4 km/s

A natureza dos materiais de cada uma dessas regiões foi determinada por medições de ondas sísmicas (Tabela I.2 e Figura I.2). Devido às diferentes velocidades e percursos, os três tipos de ondas chegarem a um sismógrafo em tempos diversos, os registros dessas ondas fornecem a localização do foco do terremoto e informações das camadas inferiores.

Figura I.2 - Propagação das ondas sísmicas (Selbey, 1985)

A Terra é constituída por uma série de camadas concêntricas de constituição química diferentes e, em estado físico distinto ao redor do núcleo, cada uma dessas camadas tem uma condutividade diferente. Como as velocidades das ondas sísmicas dependem das propriedades e das densidades dos materiais através dos quais passam as ondas, as mudanças de velocidade a diferentes profundidades são atribuídas a diferentes composições e densidades e, talvez, a diferentes estados, sobretudo no núcleo (Figura I.2).

Os geofísicos reconheceram duas descontinuidades dividindo a Terra em três partes:

Crosta: desde a superfície em direção ao centro, até a primeira descontinuidade (Mohorovicic, 30 -50 km). A crosta é dividida em crosta continental (mais espessa e menos densa) e crosta oceânica (menos espessa e mais densa);

Manto: desde a base da crosta até a segunda descontinuidade (Wiechert-Gutemberg, 2.900 km);

Núcleo: desde a descontinuidade do manto até o centro da Terra.

crosta continental é de composição granítica ou granodiorítica e a crosta oceânica é de composição basáltica, correspondendo ao SIAL (material rico em Si e Al) e ao SIMA (rico em Si e Mg), respectivamente (Tabela I.3).

manto é formado por material silicatado de olivina e piroxênio ou seus equivalentes de pressão e temperaturas altas. O núcleo ou siderosfera é constituído por ligas de ferro-níquel, possivelmente a parte exterior é líquida e a parte inferior é sólida. Para completar, deve-se adicionar a crosta, manto e núcleo, mais três zonas: a atmosfera, hidrosfera e biosfera. A atmosfera é o envoltório gasoso. A hidrosfera a camada descontínua de água, salgada ou doce (oceanos, lagos e rios). A biosfera é a totalidade da matéria orgânica distribuída através da hidrosfera, atmosfera e superfície da crosta.

Embora importantes do ponto de vista geoquímico, a hidrosfera, biosfera e atmosfera contribuem com menos de 0,03% da massa total da Terra, a crosta 0,4%, o manto 67% e o núcleo 32%.

Tabela I.3. Características da estrutura interna da Terra.

Profundi-dade (km)
Denominação
Constituição litológica
Densidade
g/cm3
Temperatura
(oC)
                            Litosfera
15 a 25
crosta superior SiAl 
sedimentos
granito
2,7
600
30 a 50
crosta inferior SiMa 
basalto
2,9
1.200
1.200
Manto superior (astenosfera)
peridotito
3,3
3.400
2.900
Manto inferior
silicatos, sulfetos e óxidos
4,7
4.000
6.370
Núcleo NiFe

ferro metálico e níquel
12,2
4.000

Distribuição dos elementos na crosta terrestre

A geoquímica mostra a importância dos elementos que constituem os minerais, cujos objetivos essenciais são:
·         a determinação da abundância dos elementos na Terra;
·         a repartição dos elementos nos minerais e nas rochas;
·         estabelecimento dos princípios que regem a abundância e distribuição dos    elementos químicos.

A crosta é composta de silicatos de alumínio, sódio, potássio, cálcio, magnésio e ferro. Em função do número de átomos o oxigênio ultrapassa 60% e forma mais de 90% do volume total ocupado pelos elementos. A Tabela I.4 mostra a repartição dos constituintes da crosta terrestre em porcentagem em peso de óxidos, em íons e nos minerais.

Tabela I.4. Distribuição dos elementos na crosta terrestre.

Óxidos
Peso
%
Íons
Peso
%
Volume
%
Minerais
Peso
%

SiO2
59,12
O
46,6
92,0
Feldspato alcalino
31,0

Al2O3
15,34
Si
27,72
0,8
Plagioclásio
29,2

Fe2O3 + FeO
6,88
Al
8,13
0,8
Quartzo
12,4

MgO
3,49
Fe
5,0
0,7
Piroxênio
12,0

CaO
5,08
Ca
3,63
1,4
Minerais opacos
4,1

Na2O
3,84
Na
2,83
1,6
Biotita
3,8

K2O
3,13
K
2,59
2,1
Olivina
2,6

TiO2
1,05
Mg
2,09
0,6
Hornblenda
1,7

Total
97,93
98,59
100,0
Muscovita
             1,4


Clorita
0,6


Apatita
0,6


Nefelina
0,3


Titanita
0,3


                                       100,0

Classificação Geoquímica dos Elementos

As diretrizes da geoquímica moderna tratam de mostrar onde se podem encontrar os elementos e em que condições. Ex.: Lantânio e potássio encontram-se juntos; telúrio e tântalo “fogem” um do outro. Alguns, embora presentes, estão dispersos como o rubídio no potássio e gálio no alumínio. Háfnio e selênio não são formadores de acumulações e às vezes, se acham tão dispersos na natureza que seu percentual na composição das rochas é ínfimo. Outros elementos como chumbo e ferro durante seu processo de deslocamento experimentam uma parada e formam combinações capazes de acumularem-se com facilidade (Antonello, 1995).

A geoquímica estuda as leis da distribuição e migração dos elementos em condições geológicas definidas marcando seu percurso e exploração das jazidas minerais.
Goldschmidt foi o primeiro a acentuar a importância da diferenciação geoquímica primária dos elementos, classificando-os da seguinte maneira:

Siderófilos: com afinidade pelo ferro metálico; ex.: Cr, V, Co, Ni.
Calcófilos ou sulfófilos: com afinidade pelo sulfeto, ex.: Pb, Zn, Cu, Ag, Hg, Bi, Sb, Se, Fe, S, As.
Litófilos: com afinidade pelo silicato, ex.: O, Si, Al, Na, K, Ca, Mg.
Atmófilos: com afinidade pela atmosfera, ex.: O, C, gases nobres, N.
Alguns elementos mostram afinidade por mais de um grupo, pois a distribuição de qualquer elemento depende, em certo grau, da temperatura, pressão e ambiente químico, como um todo.


Texto Extraído de:
Luiz Carlos Bertolino. Geologia. UERJ, 2005.