Blog alimentado pelo Prof. Márcio Santos e dedicado a estudantes de Geologia.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O ESTADO DA ARTE EM GEOQUÍMICA

As técnicas de exploração geoquímica do ambiente têm sido submetidas a uma crescente adaptação às novas necessidades da sociedade. Todos os métodos desenvolvidos para a exploração geoquímica direcionada à exploração mineral são úteis e aplicáveis a estudos da distribuição espacial, da abundância e das carências dos elementos químicos ou substâncias de origem natural ou artificial no conhecimento do quimismo do meio físico, relacionado a diversas áreas do conhecimento, como a agronomia, veterinária, saúde pública e monitoramento ambiental. Diversos tipos de doenças endêmicas estão sendo explicados por esse tipo de enfoque, como a ocorrência, na Jamaica, da doença tropical kwarshikor, relacionada à carência de Se. Essa relação foi descoberta após o exame e interpretação dos dados de um levantamento geoquímico multielementar no território da Jamaica.

Essas aplicações modernas das técnicas da exploração geoquímica estão sendo facilitadas pelas pesquisas metodológicas de campo e laboratório, com o desenvolvimento de novas técnicas de amostragem e de isolamento de frações específicas, como concentrados de proteínas no material húmico de solos e sedimentos de drenagem, ou dos musgos que cobrem as margens dos canais das drenagens em regiões de clima temperado a frio no hemisfério norte (Atlas Geoquímico da Escandinávia Setentrional). Além dessas, técnicas analíticas multielementares, empregando espectrometria de plasma [espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente], têm reduzido de forma drástica os limites de detecção dos elementos e substâncias, contribuindo para revelar estruturas e anomalias geoquímicas sutis, porém importantes e significativas.

Técnicas modernas de informática têm possibilitado o tratamento de enormes massas de dados geoquímicos multielementares, produzindo arquivos de uso compatível com softwares de processamento de imagens e possibilitando sua interpretação integrada a imagens obtidas por sensores geofísicos ou temáticos multiespectrais instalados em aviões ou satélites.


Essa abordagem moderna da exploração geoquímica tem possibilitado a execução de projetos de abrangência regional ou nacional em diversas regiões ou países do mundo, dentre os quais o Brasil. Dentre estes, salientam-se os projetos das Cartas Geoquímicas do Norte da Escandinávia, da Finlândia, da Grã-Bretanha, da Costa Rica, dos Alaska e da China. Todos esses projetos estão sendo coordenados em nível metodológico pelos projetos IGCP-259 e IGCP-360 (International Geological Correlation Project) da UNESCO e IUGS [International Union of Geological Sciences]. O primeiro, denominado International Geochemical Mapping, estabeleceu os padrões metodológicos para o planejamento e execução de levantamentos geoquímicos regionais; e, o segundo, denominado Global Geochemical Baselines, vem definindo os padrões para a coleta de dados ao longo de perfis geoquímicos de escala continental, buscando definir os grandes padrões de distribuição dos elementos em escala global.

Texto extraído de: LICHT, Otávio Augusto Boni. Prospecção geoquímica: princípios, técnicas e métodos. Rio de Janeiro: CPRM, 1998, 236 p.

Nenhum comentário:

Postar um comentário