As técnicas de exploração
geoquímica do ambiente têm sido submetidas a uma crescente adaptação às novas
necessidades da sociedade. Todos os métodos desenvolvidos para a exploração
geoquímica direcionada à exploração mineral são úteis e aplicáveis a estudos da
distribuição espacial, da abundância e das carências dos elementos químicos ou
substâncias de origem natural ou artificial no conhecimento do quimismo do meio
físico, relacionado a diversas áreas do conhecimento, como a agronomia,
veterinária, saúde pública e monitoramento ambiental. Diversos tipos de doenças
endêmicas estão sendo explicados por esse tipo de enfoque, como a ocorrência,
na Jamaica, da doença tropical kwarshikor, relacionada à carência de Se. Essa
relação foi descoberta após o exame e interpretação dos dados de um
levantamento geoquímico multielementar no território da Jamaica.
Essas aplicações modernas
das técnicas da exploração geoquímica estão sendo facilitadas pelas pesquisas
metodológicas de campo e laboratório, com o desenvolvimento de novas técnicas
de amostragem e de isolamento de frações específicas, como concentrados de
proteínas no material húmico de solos e sedimentos de drenagem, ou dos musgos
que cobrem as margens dos canais das drenagens em regiões de clima temperado a
frio no hemisfério norte (Atlas Geoquímico da Escandinávia Setentrional). Além
dessas, técnicas analíticas multielementares, empregando espectrometria de
plasma [espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente],
têm reduzido de forma drástica os limites de detecção dos elementos e
substâncias, contribuindo para revelar estruturas e anomalias geoquímicas
sutis, porém importantes e significativas.
Técnicas modernas de
informática têm possibilitado o tratamento de enormes massas de dados geoquímicos
multielementares, produzindo arquivos de uso compatível com softwares de
processamento de imagens e possibilitando sua interpretação integrada a imagens
obtidas por sensores geofísicos ou temáticos multiespectrais instalados em
aviões ou satélites.
Essa abordagem moderna da
exploração geoquímica tem possibilitado a execução de projetos de abrangência
regional ou nacional em diversas regiões ou países do mundo, dentre os quais o
Brasil. Dentre estes, salientam-se os projetos das Cartas Geoquímicas do Norte
da Escandinávia, da Finlândia, da Grã-Bretanha, da Costa Rica, dos Alaska e da
China. Todos esses projetos estão sendo coordenados em nível metodológico pelos
projetos IGCP-259 e IGCP-360 (International Geological Correlation Project) da UNESCO e IUGS [International Union of Geological Sciences]. O primeiro, denominado International
Geochemical Mapping, estabeleceu os padrões metodológicos para o planejamento e
execução de levantamentos geoquímicos regionais; e, o segundo, denominado
Global Geochemical Baselines, vem definindo os padrões para a coleta de dados
ao longo de perfis geoquímicos de escala continental, buscando definir os
grandes padrões de distribuição dos elementos em escala global.
Texto extraído de: LICHT, Otávio Augusto Boni. Prospecção
geoquímica: princípios, técnicas e métodos. Rio de Janeiro: CPRM, 1998, 236 p.
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