O vulcanismo atual se concentra em
ambientes com atividade sísmica intensa, aonde as placas litosféricas colidem
ou se afastam.
Cerca de 60% dos vulcões ativos situa-se no chamado “Cinturão
do Fogo”, que é uma zona com terremotos e vulcões que bordeja o oceano Pacífico
(ver figura 6.39). Muitos vulcões ocorrem no interior ou na borda do Mar
Mediterrâneo, sendo o monte Etna, na Sicília, o maior e mais alto deles. O
monte Vesúvio é o único vulcão ativo no continente europeu.
A Tectônica de Placas e seus mecanismos indutores são os
controladores do processo de fusão das rochas em sítios da astenosfera ou da litosfera,
formando o magma (ver figura 6.40). É importante frisar que não existe um
"oceano de magma" contínuo por baixo da litosfera: a perda de rigidez
das rochas da astenosfera, conforme inferido pela atenuação da velocidade das
ondas sísmicas, deve-se às altas temperaturas reinantes, mas predominando o
estado fundamentalmente sólido do ambiente, com a presença eventual de bolsões
de magma.
Nos diferentes limites de placas atuam processos geológicos
distintos e cada qual gera um magmatismo (vulcanismo e plutonismo) característico.
Os limites divergentes são caracterizados por movimentos de
extensão da placa litosférica e presença de cadeias meso oceânicas. Este
processo é induzido por células de convecção que trazem rochas quentes
profundas para regiões mais rasas do manto. Simultaneamente, as células
produzem a distensão na crosta e o surgimento de fraturas profundas, enquanto
que a descompressão das rochas quentes forma magmas que ascendem através delas.
Este processo produz grande volume de basaltos que são a origem das cadeias
meso-oceânicas. A cordilheira mesoatlântica. que ocorre entre os continentes
sul-americano e africano, é um desses exemplos. O processo de ruptura da
litosfera e subida de magma tem duração de milhões de anos e é a força motriz
de criação do assoalho dos fundos oceânicos. Parte desta crosta oceânica,
quando é exposta à superfície, recebe o nome de ofiolito.
Os limites convergentes resultantes da colisão entre placas
litosféricas podem ser de três tipos: oceano-oceano, continente-oceano, e continente-continente.
No caso de choque entre duas placas oceânicas há geração de
vulcanismo andesítico a partir da subducção e fusão da crosta oceânica (com
pouca quantidade de sedimentos marinhos), havendo a formação de um arco de
ilhas, como ocorre hoje, por exemplo, no Japão. Esse tipo de ambiente apresenta
um "front" de vulcões limitado em seu lado convexo por uma depressão
topográfica profunda da ordem de milhares de metros, criada pela subducção de
uma das placas oceânicas. É a fossa tectônica (Figura 6.40).
Quando há colisão entre placas continental e oceânica, a
exemplo do que ocorre na cadeia Andina, a placa oceânica (mais densa) mergulha
sob a continental (menos densa). Os mecanismos de subducção causam a fusão da
crosta oceânica (basáltica) consumida juntamente com sedimentos marinhos
acumulados na fossa tectônica que também é formada neste tipo de ambiente. Os
diferentes componentes rochosos desse ambiente, ao serem fundidos durante a
subducção, originam magmas de composições variadas. As rochas ígneas produzidas
são mais ácidas que aquelas geradas nas cadeias meso-oceânicas
(predominantemente basálticas), sendo comum o vulcanismo andesítico
(intermediário) e, em menor proporção, o riolítico.
Já na margem do continente, as cadeias de montanhas são
constituídas predominantemente por rochas graníticas ácidas) e chegam a atingir
espessuras da ordem de 40 a 50 quilômetros em virtude do processo colisional. O
conseqüente aumento de temperatura, resultante do espessamento pode ultrapassar
a temperatura de inicio de fusão das rochas constituintes da base da crosta,
gerando os magmas de composição granítica que, ao se consolidarem no interior
da crosta, formam rochas intrusivas com composições intermediárias a ácidas
(graníticas).
Ao mesmo tempo pode ocorrer vulcanismo sobre as margens do
continente, formando um arco vulcânico continental. Esses magmas, originalmente
já diferenciados, sofrendo modificações adicionais durante a passagem através
da crosta e os vulcões são construídos por rochas de composição intermediária à
ácida.
No processo de colisão entre duas placas continentais, o qual
pode ser exemplificado pelo choque entre a Índia e o Tibete, originando as
magníficas montanhas dos Himalaias, o plutonismo é muito expressivo enquanto o
vulcanismo é pouco significativo. O plutonismo é representado por muitos corpos
graníticos formados a partir da fusão da base da crosta continental que tem
grande espessura, por causa das pressões e temperaturas extremas envolvidas no
processo colisional.
Figura 6.40 - Esquema dos ambientes geradores de magma no contexto da tectônica de placas (sem escala). |
Como visto anteriormente, plumas mantélicas (sítios
anomalamente aquecidos) podem se desenvolver no interior de placas. Originam-se
em grande profundidade no manto e ascendem por causa da sua densidade mais
baixa em relação ao manto menos aquecido ao redor. A ascensão de plumas produz
fusão parcial dos materiais do manto, gerando tipos particulares de magmas
basálticos. Em determinados sítios, as plumas mantélicas podem induzir fusões
da crosta oceânica e também da parte inferior da crosta continental, gerando tipos
variados de magmas.
Ainda no interior das placas, em regiões antigas e
geologicamente estáveis da crosta continental, podem ocorrer manifestações
magmáticas muito especiais, que produzem os kimberlitos. Essas rochas
originam-se no manto, provavelmente por ação localizada de fluidos a altíssimas
pressões, e sobem em direção à superfície de maneira explosiva, a grandes
velocidades, fraturando e arrancando as rochas por onde passam. Como resultado,
kimberlitos são constituídos de misturas de pedaços de peridotitos do manto,
modificados pela ação dos fluidos, e de pedaços de rochas da crosta. Eles
ocorrem em corpos em forma de funil, chamados diatremas, e são uma das fontes
mais importantes dos diamantes, formados no manto a profundidades maiores que
100 km e carregados para a superfície por estas rochas exóticas. O nome
"kimberlito” vem do distrito de Kimberley, na África do Sul, que foi, por
muitos anos, uma das principais minas de diamante do mundo.
Texto extraído de: TEIXEIRA
e outros. Decifrando a Terra. São Paulo : Cia Editora Nacional, 2009, p.
183-185.
Nenhum comentário:
Postar um comentário