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Bons estudos!
quarta-feira, 24 de abril de 2019
DECAIMENTO RADIOATIVO E GEOCRONOLOGIA
OS DIFERENTES RESERVATÓRIOS E SUAS COMPOSIÇÕES
Em relação às fases sólidas, os elementos químicos
formam os minerais e os minerais formam as rochas, que constituem as principais
unidades geodinâmicas do manto e da crosta. Alguns elementos ocorrem em teores
particularmente elevados na água do mar ou na atmosfera (H, O, N, Ar). As
rochas terrestres são divididas em três grandes categorias: as rochas ígneas,
como basaltos e granitos, geradas por processos magmáticos, ou seja, pela fusão
de rochas; as rochas sedimentares, formadas pela acumulação de partículas
clásticas ou biogênicas, ou pela precipitação química nos fundos oceânicos e em
outros corpos aquosos; e as rochas metamórficas, produzidas pela transformação
de rochas preexistentes submetidas a elevada temperatura e pressão e, na
maioria dos casos, na presença de água e fluidos carbônicos.
As rochas extraterrestres não podem ser classificadas
exatamente da mesma maneira. Rochas ígneas ocorrem na Lua, muito provavelmente
em Marte e formam alguns tipos de meteoritos (acondritos). Outro tipo de
meteoritos, os chamados condritos, não têm equivalentes terrestres. Os
condritos se formam pela condensação de gases de uma nebulosa solar e por
gotículas de líquidos silicáticos denominadas cândrulos, as quais dão nome a
eles. As transformações metamórficas podem afetar rochas planetárias e
meteoritos.
Reservatório é um termo genérico que se refere a uma grande
porção de rocha (manto, crosta), água (oceano) ou gás (atmosfera), cuja
composição é contrastante em relação à composição dos demais reservatórios. Os
reservatórios podem conter vários componentes, cujas proporções são normalmente
muito diferentes nos vários reservatórios: por exemplo, as rochas ricas em Si
da crosta continental são facilmente distinguíveis das rochas ricas em Mg do
manto. Um reservatório pode apresentar continuidade espacial (p. ex. o oceano)
ou estar fragmentado em várias regiões da Terra (p. ex. porções de crosta
oceânica recicladas no manto inferior). Os elementos químicos mais abundantes
dos principais reservatórios estão listados no Apêndice A. Para se ter uma
noção mais completa da distribuição dos elementos químicos nos reservatórios é
necessário considerarmos os minerais presentes em cada caso (ver capítulo
seguinte). O oxigênio está presente em praticamente todos os reservatórios, ao
passo que o silício está restrito aos silicatos, que são os minerais mais
abundantes da Terra. O teor de silício dos minerais é um parâmetro
particularmente importante porque a concentração de sílica (SiO2) é uma medida
da "acidez" das rochas: este termo obsoleto, que data da época em que
os silicatos eram considerados como sais de ácido silícico, ainda está bastante
presente na literatura. A concentração de sílica é crescente na sequência de
minerais desde olivina, piroxênio, anfibólio e mica até feldspato e quartzo.
Magnésio e ferro são especialmente abundantes em olivina e piroxênio nas rochas
ígneas e em anfibólio e filossilicatos (biotita, clorita e serpentina) nas
rochas metamórficas. Um rocha félsica (ácida), como um granito ou riolito, é
rica em silício e pobre em Mg e Fe; uma rocha máfica, cujo exemplo arquetípico
é o basalto, tem altos teores de Mg e Fe. O cálcio é encontrado em minerais
ígneos como piroxênios e feldspato cálcico (plagioclásio), em carbonatos
sedimentares e em anfibólios metamórficos. O alumínio pode seguir diferentes
trajetórias: nas rochas ígneas se situa, em ordem crescente de pressão, em
plagioclásio, espinélio (óxido) e granada; em rochas sedimentares se concentra
em argilominerais; e nas rochas metamórficas, em macas (biotita, muscovita).
Potássio e sódio estão principalmente concentrados em micas e feldspatos.
Quando uma rocha se funde, alguns elementos participam
mais facilmente da fusão (Na, K, AI, Ca, Si), enquanto outros são mais
refratários (Mg e, em menor grau, Fe). Do mesmo modo, alguns elementos são mais
solúveis em água (Na, K, Ca, Mg) que outros, causando um racionamento
geoquímico durante a erosão e a sedimentação.
Em comparação com a Terra como um todo, o manto tem
composição mais rica em elementos refratários, especialmente em Mg e Cr, e
teores baixos de elementos que participam mais facilmente da fusão, como Na, K,
AI, Ca e Si, o que demonstra um caráter residual do manto em processos de
fusão.
Os principais minerais do manto superior são a olivina
e o piroxênio, que formam o peridotito, sua rocha mais abundante. A crosta
continental, por outro lado, é rica em elementos com menor ponto de fusão
(incorporados principalmente em quartzo, feldspatos e argilominerais), que
refletem um caráter de "fração líquida" da fusão, em contraste com o
manto residual. Os oceanos são, obviamente, enriquecidos em elementos solúveis,
tanto cátions Na, K, Ca) como ânions (CI-, SO42-),
ao passo que os elementos insolúveis e de menor ponto de fusão (Si, AI, Fe) se
acumulam nos sedimentos clásticos (argilominerais).
As composições do Sol, da crosta e do manto terrestres
etc. são fornecidas no Apêndice A. Em alguns casos, a determinação dessas
composições não é uma tarefa simples. Enquanto a análise espectroscópica do Sol
e as análises de meteoritos, da composição da água do mar e dos rios podem ser
feitas diretamente, a determinação da composição da crosta traz consigo a
discussão sobre a natureza da crosta inferior, bem como do manto inferior, do
núcleo e da Terra como um todo. Não obstante, os mecanismos responsáveis pela
formação dos grandes -- mas não diretamente observáveis – reservatórios são
relativamente bem conhecidos, permitindo que suas composições sejam estimadas.
O texto acima foi extraído de: ALBARÈDE, Francis. Geoquímica: uma introdução. São Paulo : Oficina de Textos, 2011.
quarta-feira, 10 de abril de 2019
GABARITO DA ATIVIDADE 5
Granitoides e séries magmáticas
As rochas graníticas,
granitoides[1] ou granitos lato sensu,
diferentemente das rochas vulcânicas, têm sido comumente vistas como produtos
de processos não magmáticos ou de mecanismos específicos de fusão da crosta
terrestre. Bonin et al. (1997) observaram que muitos autores veem os
granitoides, de modo geral, como integrantes de um contexto de metamorfismo,
desvinculando-os de uma possível relação com fontes situadas no manto. Aqueles
autores atribuíram tal interpretação à ausência de vínculos nítidos entre
granitoides e vulcanismo, exceto no caso de intrusões epizonais. Pitcher (1993)
relatou que Abraham Gottlob Werner (1749-1817) admitia que os granitos eram
precipitados de um grande oceano primitivo, enquanto James Hall e Thomas
Beddoes, em 1791, afirmavam que a afinidade química de basaltos e granitos era
uma boa evidência da origem ígnea dos últimos. James Hutton (1726-1793) (apud
Marmo, 1971) acreditava que os granitos eram o produto da cristalização de
lavas subterrâneas, mais tarde chamadas magmas
Na década de 40 e 50, no
entanto, os granitoides eram vistos predominantemente como produtos de metassomatismo
sobre rochas metamórficas, isto é, transformações de rochas preexistentes no
estado sólido, com aporte de íons. Aproximadamente com este sentido, mas por
vezes abrangendo também a anatexia[2],
foi criado o termo granitização. A geração de rochas graníticas por
metassomatismo é ainda proposta por alguns autores. A vinculação dos
granitoides com fusões menos diferenciadas mantélicas foi, no entanto,
preconizada desde o século XIX por Rosenbusch (1889), Bowen (1928) e Read
(1940), entre outros. Com os experimentos de Tuttle & Bowen (1958)
constatou-se a similaridade composicional dos granitos com as fusões de rochas
silicatadas ou com os resíduos finais líquidos da cristalização de magmas
básicos e intermediários.
As evidências experimentais
e a grande repercussão do trabalho de Chappell & White (1974) levaram
grande parte dos geólogos a admitir que os granitoides são em geral fusões de
rochas crustais, descartando a priori
suas possíveis relações com magmas menos diferenciados. Mesmo sendo esta a
ideia mais popular, a visão magmatista - vinculação dos granitoides com magmas
provenientes do manto - permaneceu e é ilustrada pela identificação dos
granitoides com as séries magmáticas nos trabalhos de Lameyre & Bowden
(1982), Tauson & Koslov (1972), Bonin (1982) e Pitcher (1992) de que os
granitoides tinham os magmas basálticos na sua origem.
Enquanto os crustalistas
enfatizam a dificuldade de explicar a abundância relativa dos granitoides
quando sua proveniência de magmas menos diferenciados é admitida, seus
oponentes salientam os padrões geoquímicos correlacionáveis de granitoides e
rochas básicas e intermediárias, bem como a similaridade composicional de
sequências plutônicas e vulcânicas. Recentemente, a ideia originária de Norman
Levi Bowen, admitindo que os granitoides poderiam ser resultado de reação
química, entre magma básico e gnaisses quartzo feldspáticos, gerando rochas
intermediárias e magma granítico, foi proposta por Lopez et al. (2005). Embora
sua resposta satisfatória às duas dificuldades anteriormente citadas seja
sedutora, o mecanismo proposto ainda carece de maiores esclarecimentos e
detalhamento.
Nas últimas décadas, a
derivação de granitoides a partir da evolução de magmas derivados do manto com
variável contribuição crustal (Barbarin, 1999), por assimilação ou
contaminação, atinge grande importância e o reconhecimento de autores
crustalistas famosos (Chappell & White, 2001). Isto vem ocorrendo,
principalmente devido à abordagem sistêmica integrando evidências da geologia
de campo, petrologia, geologia estrutural e geoquímica, além da geologia
isotópica e geocronologia, utilizada por vários autores. Bachmann et al. (2007)
enfatizaram a importância dos magmas básicos derivados do manto na origem do
magmatismo granítico, advogando a integração dos dados de todas rochas
magmáticas (plutônicas e vulcânicas de todas composições) na busca de uma
melhor compreensão dos processos que levaram à diferenciação da Terra e geração
da crosta continental.
O vínculo de muitos magmas
graníticos com fontes primárias situadas no manto é bem discutido em diversos
trabalhos das últimas décadas. Patiño Douce (1999) sintetizou de forma clara a
concepção atual com base em petrologia experimental, afirmando que os granitos
peraluminosos são as únicas rochas graníticas inquestionavelmente produzidas
por pura fusão crustal. Revisões recentes discutindo a gênese de granitoides
também concluem que o magmatismo granítico, seja o associado aos arcos,
incorpora magmas máficos provenientes do manto. Nas duas principais linhas de
interpretação das rochas graníticas, distinguem-se dois grupos de
classificações: aquelas que enfatizam o protólito da assumida fusão crustal e
as que focalizam a associação magmática em que os granitoides se enquadram.
Este segundo grupo, não preconiza um mecanismo específico de gênese,
baseando-se principalmente, nas características geoquímicas e mineralógicas da
associação de rochas ígneas.
Uma síntese dos principais
sistemas de classificação das rochas graníticas é apresentada por Barbarin
(1999) que propôs uma alternativa considerando critérios composicionais e
genéticos. Frost & Frost (2008) relacionaram parâmetros composicionais das
rochas graníticas com seus ambientes e processos genéticos, salientando-se o
papel dos magmas básicos na geração de vários tipos de granitoides. Dall’Agnol
& Oliveira (2007) demonstraram que é possível discriminar com parâmetros
geoquímicos, granitoides do tipo-A oxidados e reduzidos; os tipos oxidados
assemelham-se fortemente aos granitoides cálcio-alcalinos de arcos magmáticos
maduros, em geral denominados tipo I. A classificação de granitoides como tipo
A e S, ainda tem vasta utilização por vários autores. Nardi & Bitencourt
(2009) sugeriram critérios para classificar granitoides, ou mesmo riolitos,
como do tipo A. Os critérios sugeridos são uma síntese do que é aceito pela
maior parte dos autores. A terminologia ‘tipo S’ atualmente é mantida por
muitos autores para os granitoides produzidos por fusão parcial de metapelitos,
com ou sem a participação de magmas básicos. Enquadram-se entre os tipos S os
granitos portadores de sillimanita, cordierita e muscovita primária,
acompanhando, frequentemente, a biotita. A grande abundância de rochas
graníticas, que levou muitos autores a questionarem a possibilidade de seus magmas
parentais serem derivados da diferenciação de magmas básicos ou intermediários,
também não é satisfatoriamente explicada pela fusão parcial crustal devido à
pouca quantidade de água disponibilizada pela desestabilização de minerais
hidratados durante aquecimento crustal. Atualmente, vários autores sugerem que
a quantidade de água nos processos de fusão da crosta é muito elevada devido ao
seu intenso fluxo ao longo de condutos condicionados tectonicamente,
particularmente em cinturões colisionais em associações com migmatitos.
Nesta revisão optamos pelo
segundo tipo de classificação que busca enquadrar os granitoides em
associações, sejam as séries magmáticas, sejam associações metamórficas de alto
grau que os produziram por anatexia. Granitos associados geneticamente com
migmatitos são discutidos em revisão recente de Brown (2013). Em nosso entender
as classificações mais populares, que buscam identificar os granitoides segundo
seu provável protólito, contribuem menos para a compreensão geológica dos ambientes
tectônicos, à medida em que examinam os granitoides como eventos quase isolados
de seu contexto geológico. Da mesma forma, a pressuposição de que a maior parte
dos granitoides é simples fusão crustal rejeita, a priori, a possibilidade de que o magmatismo granítico possa
constituir adição vertical à crosta, e que, portanto, não seja responsável por
parte do crescimento crustal. Assim, fundamentados na crença de que a
diversidade de modelos, hipóteses e ideias constitui a riqueza da ciência e que
sua coexistência e interação, e não o seu embate, são o que promovem o
progresso científico, apresentamos uma revisão das séries magmáticas e
argumentamos pela retomada do estudo das rochas graníticas, também segundo esta
visão, mais integradora e cientificamente mais fértil e promissora.
Texto extraído e modificado de: Lauro
Valentim Stoll NARDI. Granitoides e séries magmáticas: o estudo
contextualizado dos granitoides. Instituto de Geociências,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisas em Geociências, 43 (1):
85-99, jan./abr. 2016 87.
ATIVIDADE (1,0 ponto)
1. Informe resumidamente as
teorias sobre a origem dos granitoides. (0,4)
Resumidamente, as teorias sobre a origem dos granitoides
se enquadram em:
a) produtos de processos não magmáticos - integrantes
de um contexto de metamorfismo; essa interpretação se deve à ausência de
vínculos nítidos entre granitoides e vulcanismo. Aqui também se enquadra a
teoria de que os granitoides são produtos de metassomatismo sobre rochas
metamórficas, isto é, transformações de rochas preexistentes no estado sólido,
com aporte de íons.
b) mecanismos específicos de fusão da crosta
terrestre - a afinidade química de basaltos e granitos é uma boa evidência da
origem ígnea dos granitoides. Nas últimas décadas, muitos autores aderiram à
teoria da origem de granitoides a partir da evolução de magmas basálticos
originados do manto com variável contribuição de material da crosta, por
assimilação ou contaminação.
2. Relacione os diversos
tipos de classificação dos granitoides. (0,4)
Os granitoides podem ser divididos em vários tipos
de acordo com suas assembleias minerais, bem como critérios de campo,
petrográficos, posicionamento estrutural e ambientes geodinâmicos contribuem
menos para a compreensão geológica dos ambientes tectônicos, à medida em que
examinam os granitoides como eventos quase isolados de seu contexto geológico.
As classificações são influenciadas pela teoria abraçada
quanto à origem dos granitoides. As classificações mais usadas buscam
identificar os granitoides segundo seu provável protólito, através da fusão;
outras levam em conta apenas a diferenciação magmática. Outro tipo de busca
enquadrar os granitoides em associações, sejam as séries magmáticas, sejam
associações metamórficas de alto grau que os produziram por anatexia (fusão).
3. Estabeleça a diferença
das concepções crustalista e magmatista. (0,2)
Teoria crustalista: enfatiza o protólito que deu
origem ao granitoide, através da fusão de uma porção da crosta. Portanto, para
esta teoria, o granitoide é resultado das características químicas,
mineralógicas e estruturais de uma rocha-mãe que fundiu e depois se consolidou
pelos processos de cristalização magmática.
Teoria magmatista: focaliza a associação magmática em que os
granitoides se enquadram. Esta teoria se baseia principalmente nas
características geoquímicas e mineralógicas da associação de rochas ígneas.
[1]
Granitoide ou granito lato sensu: rocha ígnea semelhante ao granito composta
principalmente de feldspato e quartzo.
[2]
Anatexia é um processo metamórfico resultante de temperaturas elevadas, desenvolvido a
grandes profundidades, na crosta terrestre, havendo refusão magmática de rochas
preexistentes.
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Material de Estudo
MAGMATISMO E TECTÔNICA DE PLACAS
O vulcanismo atual se concentra em
ambientes com atividade sísmica intensa, aonde as placas litosféricas colidem
ou se afastam.
Cerca de 60% dos vulcões ativos situa-se no chamado “Cinturão
do Fogo”, que é uma zona com terremotos e vulcões que bordeja o oceano Pacífico
(ver figura 6.39). Muitos vulcões ocorrem no interior ou na borda do Mar
Mediterrâneo, sendo o monte Etna, na Sicília, o maior e mais alto deles. O
monte Vesúvio é o único vulcão ativo no continente europeu.
A Tectônica de Placas e seus mecanismos indutores são os
controladores do processo de fusão das rochas em sítios da astenosfera ou da litosfera,
formando o magma (ver figura 6.40). É importante frisar que não existe um
"oceano de magma" contínuo por baixo da litosfera: a perda de rigidez
das rochas da astenosfera, conforme inferido pela atenuação da velocidade das
ondas sísmicas, deve-se às altas temperaturas reinantes, mas predominando o
estado fundamentalmente sólido do ambiente, com a presença eventual de bolsões
de magma.
Nos diferentes limites de placas atuam processos geológicos
distintos e cada qual gera um magmatismo (vulcanismo e plutonismo) característico.
Os limites divergentes são caracterizados por movimentos de
extensão da placa litosférica e presença de cadeias meso oceânicas. Este
processo é induzido por células de convecção que trazem rochas quentes
profundas para regiões mais rasas do manto. Simultaneamente, as células
produzem a distensão na crosta e o surgimento de fraturas profundas, enquanto
que a descompressão das rochas quentes forma magmas que ascendem através delas.
Este processo produz grande volume de basaltos que são a origem das cadeias
meso-oceânicas. A cordilheira mesoatlântica. que ocorre entre os continentes
sul-americano e africano, é um desses exemplos. O processo de ruptura da
litosfera e subida de magma tem duração de milhões de anos e é a força motriz
de criação do assoalho dos fundos oceânicos. Parte desta crosta oceânica,
quando é exposta à superfície, recebe o nome de ofiolito.
Os limites convergentes resultantes da colisão entre placas
litosféricas podem ser de três tipos: oceano-oceano, continente-oceano, e continente-continente.
No caso de choque entre duas placas oceânicas há geração de
vulcanismo andesítico a partir da subducção e fusão da crosta oceânica (com
pouca quantidade de sedimentos marinhos), havendo a formação de um arco de
ilhas, como ocorre hoje, por exemplo, no Japão. Esse tipo de ambiente apresenta
um "front" de vulcões limitado em seu lado convexo por uma depressão
topográfica profunda da ordem de milhares de metros, criada pela subducção de
uma das placas oceânicas. É a fossa tectônica (Figura 6.40).
Quando há colisão entre placas continental e oceânica, a
exemplo do que ocorre na cadeia Andina, a placa oceânica (mais densa) mergulha
sob a continental (menos densa). Os mecanismos de subducção causam a fusão da
crosta oceânica (basáltica) consumida juntamente com sedimentos marinhos
acumulados na fossa tectônica que também é formada neste tipo de ambiente. Os
diferentes componentes rochosos desse ambiente, ao serem fundidos durante a
subducção, originam magmas de composições variadas. As rochas ígneas produzidas
são mais ácidas que aquelas geradas nas cadeias meso-oceânicas
(predominantemente basálticas), sendo comum o vulcanismo andesítico
(intermediário) e, em menor proporção, o riolítico.
Já na margem do continente, as cadeias de montanhas são
constituídas predominantemente por rochas graníticas ácidas) e chegam a atingir
espessuras da ordem de 40 a 50 quilômetros em virtude do processo colisional. O
conseqüente aumento de temperatura, resultante do espessamento pode ultrapassar
a temperatura de inicio de fusão das rochas constituintes da base da crosta,
gerando os magmas de composição granítica que, ao se consolidarem no interior
da crosta, formam rochas intrusivas com composições intermediárias a ácidas
(graníticas).
Ao mesmo tempo pode ocorrer vulcanismo sobre as margens do
continente, formando um arco vulcânico continental. Esses magmas, originalmente
já diferenciados, sofrendo modificações adicionais durante a passagem através
da crosta e os vulcões são construídos por rochas de composição intermediária à
ácida.
No processo de colisão entre duas placas continentais, o qual
pode ser exemplificado pelo choque entre a Índia e o Tibete, originando as
magníficas montanhas dos Himalaias, o plutonismo é muito expressivo enquanto o
vulcanismo é pouco significativo. O plutonismo é representado por muitos corpos
graníticos formados a partir da fusão da base da crosta continental que tem
grande espessura, por causa das pressões e temperaturas extremas envolvidas no
processo colisional.
Figura 6.40 - Esquema dos ambientes geradores de magma no contexto da tectônica de placas (sem escala). |
Como visto anteriormente, plumas mantélicas (sítios
anomalamente aquecidos) podem se desenvolver no interior de placas. Originam-se
em grande profundidade no manto e ascendem por causa da sua densidade mais
baixa em relação ao manto menos aquecido ao redor. A ascensão de plumas produz
fusão parcial dos materiais do manto, gerando tipos particulares de magmas
basálticos. Em determinados sítios, as plumas mantélicas podem induzir fusões
da crosta oceânica e também da parte inferior da crosta continental, gerando tipos
variados de magmas.
Ainda no interior das placas, em regiões antigas e
geologicamente estáveis da crosta continental, podem ocorrer manifestações
magmáticas muito especiais, que produzem os kimberlitos. Essas rochas
originam-se no manto, provavelmente por ação localizada de fluidos a altíssimas
pressões, e sobem em direção à superfície de maneira explosiva, a grandes
velocidades, fraturando e arrancando as rochas por onde passam. Como resultado,
kimberlitos são constituídos de misturas de pedaços de peridotitos do manto,
modificados pela ação dos fluidos, e de pedaços de rochas da crosta. Eles
ocorrem em corpos em forma de funil, chamados diatremas, e são uma das fontes
mais importantes dos diamantes, formados no manto a profundidades maiores que
100 km e carregados para a superfície por estas rochas exóticas. O nome
"kimberlito” vem do distrito de Kimberley, na África do Sul, que foi, por
muitos anos, uma das principais minas de diamante do mundo.
Texto extraído de: TEIXEIRA
e outros. Decifrando a Terra. São Paulo : Cia Editora Nacional, 2009, p.
183-185.
segunda-feira, 1 de abril de 2019
TRANSPORTE DE ELEMENTOS
A teoria do transporte dos
elementos aborda as variações espaciais de propriedades geoquímicas em vários
contextos: movimentos dos oceanos e do manto, migração de fluidos geológicos e
de líquidos magmáticos em uma matriz rochosa etc.
Os conceitos centrais do transporte de elementos químicos são:
conservação, fluxo, fontes e sumidouros.
Conservação: o
princípio de que o todo é igual à soma das partes. Uma propriedade conservativa
é aditiva e pode ser alterada apenas por adições ou subtrações no sistema ou
pela presença de fontes ou sumidouros.
A massa e o número de moles
são propriedades conservativas, mas a concentração não: se um mol de sal for
adicionado a uma solução que já continha um mol, a concentração resultante será
de dois moles; por outro lado, duas
soluções de um litro, cada uma contendo um mol de sal, ao serem combinadas,
resultarão em dois litros de solução com concentração de um mol por litro.
Um fluxo é a quantidade (de
massa, de moles, de energia etc.) que atravessa uma unidade de área por unidade
de tempo. Exemplo: fluxo de volume,
que é indicado por uma velocidade v (em m3/m2/s)).
Se o fluxo de um componente
ou de um elemento variar subitamente em um ponto, deve haver uma fonte ou
sumidouro desse elemento nesse ponto, em geral, na forma de uma reação química
ou de um processo radioativo.
O transporte de um ponto a
outro pode se dar por advecção ou por difusão. Imagine um peixe em um rio:
o movimento geral da água representa o transporte do peixe por advecção e o
movimento do peixe em relação à água representa seu transporte por difusão.
Advecção: O elemento químico ou substância não se
espalha, apenas percorre uma distância na mesma velocidade (média) do fluxo. A
advecção corresponde ao transporte global.
Difusão: O elemento químico ou substância se espalha
pelo movimento aleatório das moléculasmesmo que a velocidade média seja zero. O transporte difusivo é uma
transferência de massa em pequenas distâncias, causada pela agitação térmica
dos átomos ou pela turbulência do meio.
Cromatografia
Imagine em um dia de calor,
uma manifestação por uma longa avenida, cercada por cafés e lanchonetes com varandas
sombreadas. É provável que alguns dos participantes, de tempos em tempos, não
resistam à tentação e parem por alguns minutos para se refrescar, antes de
retomar a caminhada; e que outros participantes façam pausas mais longas.
Nessa manifestação, após
algumas horas terá uma comissão de frente composta por um pequeno número de
manifestantes impecáveis e sóbrios, seguida por um grupo mais animado, dos que
fizeram pausa pelo caminho.
Nas rochas, um processo
similar ocorre quando fluidos geológicos se movem pelos poros de sedimentos na
diagênese ou por camadas de rochas durante o metamorfismo: em virtude do grande volume de fluidos e da
ampla variação de reatividade entre os elementos, é comum que ocorra uma
separação química significativa na fase fluida e respectivas modificações
mineralógicas e geoquímicas na rocha (matriz).
Adsorção: É o fenômeno de captura de átomos, íons e
moléculas por superfícies. Ex.: captura de elementos
pela superfície dos hidróxidos de ferro, na água e nas fontes hidrotermais.
Nesse sistema, um fluído,
que será chamado de adsorvido, se adere e é retido à superfície de
uma substância, que recebe o nome de adsorvente. Essa interação
entre adsorvido e adsorvente pode ocorrer por meio de forças de naturezas
física ou química.
Taxa de reação:
é uma medida da rapidez com que uma reação se efetua. A taxa de reação pode
determinar o tempo que um produto é formado à medida que o reagente é consumido
de modo proporcional a concentração de produto formado.
Texto baseado em: ALBARÈDE, F. Geoquímica: uma introdução.
São Paulo : Oficina de Textos, 2011.
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